sexta-feira, 24 de junho de 2011

olhos vendados...

Na agonia dos olhos vendados,
a dor de não ver o que passa e perceber-se ilhado...
num canto, numa aresta, numa janela,
numa noite ou num dia.
Perdido sonho, em uma casa de alvenaria.

Nada importa e nem comporta,
a capacidade de podermos estar inseridos
completamente delineados e definidos,
no contexto tempo, que nos rodeia e nos abarca.

Da janela diminuta,
apenas o sentimento de podermos
alçar mais vôos...
apenas a imaginação e o almejo,
de nos definirmos infindos,
mesmo que não consigamos retratar imagens.
Mesmo que não possamos visualizar pelo olhar,
os trajetos que constituem e respaldam nossas viagens.

No mais, um dia inteiro, uma noite inteira.
Uma poesia escrita, um pensamento, uma etérea visita.
E sempre a esperança, de que somos atemporais.
Mesmo com a mente afoita, semi solta.
Mesmo na agonia dos olhos vendados...

josemir(aolongo...)

O infinito...

O infinito não traz definições
precoces, efemeras, passageiras.
Ele simplesmente atrai-nos...
feito um fascinar mágico,
que leva-nos feito espécies corredeiras
a inserir-nos no que antes prático,
faz-se abruptamente estóico, histórico...

O infinito nada deve aos sonhos.
Ele auto viabiliza seus quereres,
e acima das dores e prazeres
aloja-se, canto qualquer...
todos os cantos.

O infinito nos indaga e nos desafia.
Sua vertente é una, e sempre se inicia,
no instante que compreendemos
que nossos corpos, possuem realmente,
um tempo bem diferente,
do tempo que o rege, do tempo dele.




josemir(aolongo...)

travessia...



O que nos faz desafiar nossos limites,
insere-se no imponderável
e se estabelece no sonho,
que nos permite, tornar acessível o inatingível,
a partir do instante em que nos entregamos,
quais viajantes, ao ato de desafiar.

Em nossas entranhas, habita o ir e vir.
Nos reconditos profundos dos nossos segredos,
o que faz-se aflorar, não são os nossos medos,
mas sim a nossa capacidade de fluir.

A travessia que nos liberta
é a imensa passagem que sugere-se deserta,
mas é onde em verdade, habitam todos os segredos e almejos
de concretizarmos nossos desejos,
e impulsionar-nos vida além...

josemir(aolongo...)

quinta-feira, 23 de junho de 2011

enquanto cantas...




Enquanto cantas,
o entorno se purifica.
O que se fêz imperceptível,
acresce-se, e agira marca e fica,
ganhando identidade...

Enquanto cantas,
o silencio reina encantado.
Olhares no recinto ficam alumbrados,
e apaixonados,
deixam-se levar pelo timbre mágico,
de tão maviosa voz.

Enquanto cantas,
destróis lamúrias, amarguras,
e constróis outras trilhas...
te fazes maravilha,
e cruzas as ruas nuas e escuras,
apenas com o ressonar de teu canto.

Curas...
refazes as procuras,
e viabiliza fascinantes encontros.
Enquanto cantas,
tu és o cintilante conto,
que sai da argentada fantasia
e assume o dia,
onde muitos corações renascem.

josemir(aolongo...)

quarta-feira, 22 de junho de 2011

por isso alcei vôo...


Nada resolveria de vez a avidez
de meus quereres...
perdido estaria, em meio à fuligem,
se não retirasse meu pensar dos escombros
e desse de ombros ao que tentam induzir-me
como falso caminho, vertigem.
Por isso alcei vôo...
em imaginação?
Apenas lancei ao ar meu coração?
Não, penso que me libertei no todo...
tenho um imenso caminho, um soldo,
uma vantagem aberta,
reesultante do que caminhei sofrendo
pelas estradas desertas,
com todas as formas corporais expostas,
sempre buscando, sempre à cata de respostas.

Hoje, assim sigo.
Sem qualquer intenção
de burlar ou pular páginas
de meu projeto antigo.
Apenas adiantei-me...
ao invés de caminhar, procurei voar.
Um vôo incidental, que extrapolou os conceitos
vigentes e ativos, do que se abriga
num estágio normal,
e gradativamente, vou chegando além...



josemir(aolongo...)

terça-feira, 21 de junho de 2011

essencia do que vive e sobreviveu...

E se não existisse o amor verdadeiro, primeiro,
aquele que arrebata, jamais se desata,
e altaneiro, feito o mais alto dos pinheiros,
deságua cristalinamente na mansuetude das cascatas,
que fluem das corredeiras (feito cintilantes estrelas,
que no horizonte altivolitam veementes),
e se adentram pelas pedras, criando vertentes,
como se o vero e coerente,
fosse o fato do se entregar-se cabalmente,
quando plenas, as almas se afinizam e se dão?

E se não houvesse o beijo?
O que faríamos com esse imenso desejo,
que alado adeja em nosso coração?
Como seriam nossos corpos, se não nos déssemos
em pungência, em entrega, em calor?
O que seria do amor?
Talvez um resquício bem sucedido,
de algo que se fez, se criou,
mas num processo meio trôpego,
absconso, entre as estepes ficou meio que perdido,
e aturdido, fixou-se e se estagnou...

O que seria enfim o amor, se o fim do objetivo,
não fosse a constituição e a definição de corpos unos?
Talvez fossemos uma aglomerada massa,
que amalgamasse sonhos, mas não os realizasse no coletivo.
E aí o egoísmo dividiria raças, povos, credos,
como se esperança fosse apenas uma lembrança
de algo que se passou, sem se fazer real motivo.
Feito brincadeira de criança que feito dança,
sorriu e bailou...
Um trasgo de cor vivificada, que fez-se fixada
somente na mente de quem romanticamente sonhou...

Ai de nós, se não fosse esse divino sentimento...
Seríamos tão somente, folhas outonais voantes,
a se espargir por incertos momentos,
e faríamos da felicidade, perspontos sazonais,
que ao fundo nos trariam a visão de um encantado mundo,
que não habitaríamos jamais...

Por isso, quando sinto teu corpo,
inserido no meu,
de forma definida, plasmada,
sinto-me solto,
feito o que se prometeu...
Sinto-me não apenas uma parcela do sonho,
mas sim a essência do que dele,
por inteiro, sobrevive e sobreviveu...

josemir (ao longo...)

e agora?

Momentos enigmáticos de encantação.
O pra onde seguir, faz-se labirinto.
O torpor de minha querencia eu sinto
agindo sobre e sob minha emoção...
suporto.
Nos sons, tons, dons e movimentos,
a ineficácia dos adventos
assumem minhas vontades claudicantes...

Existem momentos em que desperto,
mas absolutamente espectral e incerto
deixo-me levar apenas pelo alonjar do olhar...
não caminho.
Cerro meu cenho e travo meus passos.
É que a escuridão por vezes desenha-me
um traço posto, que deposto, esconde-se.
Como se a minha frente, tudo se fizesse livre,
mas indiferente, atrelado a vontade
que nunca tive,
deixo que as oportunidades passem.
Eis que agora o caminho abriu-se
exigindo que eu o percorra...
que farei dos meus assombros, escombros,
de uma coragem diluída, que alimenta a ferida
dos meus querereres covardes?




josemir(aolongo...)

quinta-feira, 16 de junho de 2011

marionetes ou manejadores?




O movimento...
como o andar silencioso
pelas ruas do interior do momento.
Pelas vielas das arestas manifestas
do pensamento.

Marionetes...
caminhar induzido.
Algo criado, para ser cumprido.
Uma sensação de prisão.
Um abafar da emoção.
Um estágio/estado de suspensão.

Quem somos, quando descerram
as cortinas do teatro?
Bonecos ou manejadores?
Passeamos pelos atos,
ou coadjuvantes atores,
passamos pelos fatos
e damos vida a uma história ilusória?

O movimento...
incólumes, passivos,
continuamos a encenar
nossas próprias falas...
nossas próprias vidas...
eis o que se faz dúvida e dívida.
Quem somos?

josemir(aolongo...)

sempre ela...


Solta...
caminho livre?
Segredos densos?

Ela...
desconhecida parcela de vida,
por vezes abstrata.

Dela...
são as aventuras coloridas.Os segredos dos nós, que desata.

Livre...
feito pedra de muro antigo
erguido com a argamassa da dureza.
Um somar de arfantes suspiros.
Várias histórias, muitas surpresas.
A predadora,
e por muitas vezes, a presa.

Bela...
mesmo com sob o açoite da vida.
Mesmo sem curar as feridas.
Mas sempre ela.
Nos sonhos dela.
Na sua forma livre.Por vezes presa.
Mas sempre bela.

josemir(aolongo...)

quarta-feira, 15 de junho de 2011

entender-me...

Entender-me... grande desafio.
Meus desejos e almejos,
sempre estão por um triz, por um fio.

Meus questionamentos,
não têm repostas.
Somente pareceres e impressões expostas,
que por serem suspeitas e supostas,
não carregam o crivo da sensatez.


Cruzo as ruas, becos, vielas...
transgrido os conceitos e realço os meus feitos,
com a força de minha conduta.
Danço, sonho, sorrio, acendo velas.
Procuro velar pelos meus sonhos.
Eu os sou. Eles me habitam.

Entender-me... sagrado desafio.
Nesse tempo, vou reforçando meus brios,
ainda vou precisar muito deles...

josemir(aolongo...)












o dia em que as cores se deram ao confundir...




Perdidos... inseridos às brumas.
E no tempo, um denso e espesso confundir,
que ao se infiltrar pelo ar,
tornava recalcitrante o prosseguir,
negando a opção do continuar.

As cores, fizeram-se visagens
de se esgueirar.
O dito pelo não dito...
eis que o que se fazia escrito
blindava-se, abarcando o finito,
e nada definido,
ganhava força o negar.

No mesclar desse colorido enlaçado,
tudo fêz-se abalar...
o todo fêz-se ameaçado.
Os olhos já não se conectavam
aos sentires.
O ar, cada vez mais pesado,
fazia-se vigia atento, severo, encarnado,
que a cada segundo, dava origem a espinhos,
que se espargiam na trilha do caminhar.
Esse foi exatamente o dia,
em que as cores fizeram-se
aliadas as vazias idas e vindas,
fizeram-nos estar perdidos,
no sonhado momento de chegar...


josemir(aolongo..)

sexta-feira, 10 de junho de 2011

inserida na poesia que vier...


No sentido dos versos,
que por certo advirão,
estarão os meus contextos.
Serão minhas visões, mescladas à emoção
das trilhas dos meus caminhos.

No poder da rima, o extravazar
de liberadas e maduras sensações.
Um algo assim escancarado,
feito ditos confessos, anunciados,
porém, veros, inteiros.
Um soerguer de intentos primeiros.
A ânsia sagrada pelo chegar de boas novas.

Na poesia, na qual espero estar inserida,
que desmembrada esteja minha vida.
Que as recordações vistam-se alegres,
e suavemente bailem,
sem que se emaranhem pelas arestas mal aparadas.
Que bailem soltas, encantadas,
feito nossos profundos projetos,
que quando tomam corpo,
aprendem a entender a alma.


josemir(aolongo...)

quarta-feira, 8 de junho de 2011

mirares não se cansam...

Mirares não se cansam
de alonjar visagens...
são além das viagens,
vontades, em compasso
de espera...

Nada se exaspera,
quando nos inserimos
nos aposentos de nossa casa.
Criamos asas...
voamos.
Em verdade,
renovamos o que somos.
O que sonhamos.

Olhares resolutos,
são criadores absolutos
do que por certo há de vir.
O ir e vir.
Eterna equação,
que perdura e continuamente se aflora.

Mirares não se cansam
de esperar...
acreditam piamente,
que além das mentes
existe a emoção,
que faz-se alada.
Qual vôo de chegada.

josemir(aolongo...)

saudade, até nunca mais...

Restam-me os murmurares
consagrados em sonhos,
e nunca vividos.
Restam-me a sorte divina,
e a essência vibratória.
Carne viva.
Alma etérea.

Até mais saudade,
que inserida em mentira
criou em mim,
uma certa expectativa
e desabou, feito tira,
de retalhos gastos
sobre tudo o que eu mais valoro.

Restam-me muitas querencias.
Muitos sorrisos. Fortes evidencias.
Muita gana, e sobretudo a felicidade
da superação silenciosa... do dormir em paz.
Quer saber?
Saudade, até nunca mais...

josemir (aolongo...)

esvaindo-se...



Os cânticos ressonam fracos.
Na opacidade de nossas figuras,
que no cenário se esvaem,
muitos questionamentos...

O abrumar faz-nos esmaecer.
Assim como algo que ensaiou nascer,
e repentinamente retrocedeu...

A cada passo, um novo sentido.
A cada metro percorrido,
os porquês de nossas vertentes
fazem-se agitadas...
provocam alarido.

Lentamente assumimos,
que pouco a pouco
vamos sumindo...
feito vontade interrompida.
Feito saudade dorida.
Feito folha outonal.

josemir (aolongo...)

sexta-feira, 3 de junho de 2011

a lenda...






No enfoque dos discursos.
No sangue dos percursos.
No rítmo da dança, nas tranças.
A lenda.

No lutar pelo país.
No apresentar a cicatriz.
No saber-se idolatrado, bem amado.
Na defesa feita com destreza,
contra as agruras de seu solo destruído.
No cantar redivivo e colorido.
A lenda.

No saber estar, mesmo que talvez,
na acidez do terra terra,
por certo jamais lhe faltará farta lucidez.
Por já ter partido em carne,
faz-se mais coeso, é alma.
No todo, que se faz crescente,
pois que voar lhe arremete por vezes,
de encontro a algores e pedras.
Mesmo nos momentos em que suas
canções, mansamente descansam,
eis aí um homem, que jamais se pôs à venda.
Uma lenda.


josemir(aolongo...)